sexta-feira, 15 de julho de 2011


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DENTRO DO COVEN

Por Lord Gafa

Estava dentro do Coven, já tinha ouvido falar, mas nunca imaginei que veria um. Humanos aspirantes serviam seus mestres como servos fieis, dispostos a dar seu sangue, no sentido da palavra, ansiosos pela eternidade, podia sentir o odor de medo e via suas auras como que em tons pastéis.

Contei por cima uns vinte de minha espécie. Todos os olhares voltados para mim. Sentia a curiosidade em seus olhos.

Negro, alto, bonito, aparentava uns 30 anos, mas com certeza tinha séculos acumulados em sua existência. O grão mestre. Movimentos pensados, delicados. Aproximou-se de um garoto, puxou-o pelo braço e me ofereceu.

- Sirva-se. Sinto que você está com fome.

Peguei o braço do garoto e mordi seu pulso esquerdo. Quando senti que ele ia desfalecer, parei.

- Gostei de ver: autocontrole. Raro em um neófito. Seu mestre deve tê-la instruído muito bem.

- Não tenho mestre! Apenas sigo meus instintos. Sei como me portar em diversos ambientes. Ser comedida perante o desconhecido. E respeitosa no território de outros. Mas eu respondo por minhas atitudes. Não tenho que dar explicações a ninguém.

Então o grão mestre aproximou-se e pegou meu braço. Beijou minha mão e, cravou seus caninos em meu pulso.

Fiquei parada, deixando rolar... Nem tinha como reagir cercada por tantos iguais, com certeza mais velhos, experientes, fortes e com habilidades que desconhecia. Cada um de nós desenvolve aptidões diferentes e tinha certeza de que estavam me analisando de todas as maneiras possíveis e inimaginárias. O mais sábio que pensei em fazer foi deixar ser analisada e respeitosamente, ser eu mesma. Deixei minha mente aberta e esperei o fim de minha oferenda, não consentida, ao grão mestre.

- Então foi ela que foi a responsável por seu renascimento... Está explicado o seu modo de vida e desconhecimento das regras de nossa sociedade!

Acabei de ver toda sua vida. A passada e após seu renascimento. Você é uma selvagem, mas com moral e sentimentos ainda humanos. Sorte sua que se libertou dela... Ela esta banida de nosso convívio. Porem o caminho que está trilhando vai levá-la com certeza a mesma vida anárquica que ela chegou. Rebelando-se contra todas as normas de conduta e convivência harmoniosa de nossa sociedade.

- Sou solitária, livre, não gosto de ninguém me estipulando normas e regras. Da maneira que vivo não prejudico ninguém e não exponho nossa espécie. Se invadi seu território me desculpe, mas não pretendo ficar aqui trancada a eternidade para aprender normas de conduta, ou ser subserviente a qualquer um. Terei todo o respeito e cordialidade para com todos, mas peço que respeitem minha individualidade e os valores que estipulei para mim.

- É... Ela soube escolher; A semelhança é incrível. Peço somente que permaneça um tempo entre nós para aprender a desenvolver e utilizar suas habilidades o máximo possível. Desta maneira aprendera como vivemos e convivemos com os humanos. Com certeza algumas “normas e regras” nossas vão ser uteis e até podem vir a te salvar um dia. E, tenha em mente que não obrigamos ninguém a fazer nada que não queira; Você é livre para ir e vir quando quiser. Só peço que nos de uma chance.

Ele tinha razão. Preciso aprender a ser mais humilde e menos espirituosa. Além do que, o que custaria ter uma estadia confortável e segura. Não dever ser tão terrível conviver entre seres da mesma espécie. Por um tempo. Também já estou cansada de aprender sozinha, dando cabeçadas em paredes e por sorte escapando da morte, com todas as mancadas que eu dou com essa minha mania de fazer as coisas atiradamente de minha maneira.

- Tudo bem. Aceito a estadia. Vou procurar aprender mais sobre essa minha nova vida. Mas quero a promessa de que tenho salvo conduto e posso sair quando eu quiser.

-Claro minha criança... Tem minha palavra. Ninguém aqui deste Coven a forçara a nada.

Então todos os presentes vieram em minha direção e, um por um, apresentou-se cordialmente, dando-me o pulso para conhecê-los. Foi como ter de uma vez só varias personalidades, bombardeando meu cérebro. De repente tudo apagou...

Acordei em uma cama maravilhosa, em um quarto que parecia ter saído de um desses filmes da idade media. Minha mente ainda estava transbordando de informações, ainda meio confusas, sobre meus irmãos e irmãs. Então percebi ao meu lado, uma garota, de uns 19 anos, sentada em um divã.

- Boa noite, minha senhora, meu nome é Érica, sou sua acolita, sirva-se de mim...

É... Minha estadia esta prometendo ser proveitosa...