domingo, 23 de outubro de 2011

HUMANO, a pior raça que existe!

            Eu aprendi que o que diferencia a raça humana de outras raças, é a capacidade de raciocínio. Eu nunca concordei muito com isso, haja vista que pra mim, não apenas o ser humano raciocina, mas muitas outras espécies de animais. A diferença pode estar que nos comunicamos da nossa maneira e outros animais tem maneiras diferentes de se comunicar.

             O ser humano se julga superior às outras raças, porém, como pode ser visto nos vídeos postados abaixo, há provas contrárias a esse pensamento.

           Após ver as imagens abaixo que considero CHOCANTES, por isso se você for uma pessoa sensível deverá se privar de vê-las, eu tive a certeza de quanto o ser humano não presta.

              Na minha opinião, o mundo só voltará a ter jeito quando a raça humana for extinta.

            Somos nós humanos que acabamos com o planeta. Nos dias atuais, muito se tem falado no fim do mundo, e eu acho que o mundo por si só não vai acabar, caso ele se acabe algum dia, isso acontecerá única e exclusivamente pela ação da raça humana.

              É ÓBVIO que eu tenho muito o que falar sobre minha opinião da raça humana, mas quero finalizar mesmo este post com as seguintes imagens...









"O Homem é tão egoísta que é preciso falar em recompensa na outra vida pra ele praticar o bem nesta."
(By Edson Aguiar)


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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CRIANÇA DA NOITE: BANQUETE PARA DOIS


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CRIANÇA DA NOITE: BANQUETE PARA DOIS

Por Lord Gafa

Estava passando pela Vila Madalena. Muitos bares. Muita gente. Não gosto muito de lugares muito freqüentados, mas aqui se pode encontrar um lugarzinho acolhedor com boa musica e pessoas interessantes.

Entrei em um bar de MPB, freqüentado por um publico seleto: artistas, cantores, compositores, produtores, enfim os atores e autores da vida cultural paulista. Estava rolando uma espécie de Jam, com diversos músicos; Estavam comemorando alguma coisa. E, entretidos que estavam em seus festejos, passei despercebida, ninguém me incomodou. E a energia... Ah... Serviu-me como uma bela entrada, um petisco, aperitivo.

Sai para um role despretensioso, circulando pelas ruas do bairro em busca de um desgarrado que pudesse saciar minha fome de néctar da vida. De repente, senti um abalo na energia. Algo estava errado. Eram só residências. Será que tinha invadido o território de alguém? Mas logo percebi que não era uma energia qualquer. Não era, com certeza, de um familiar. Sem perceber já tinha parado minha Gold. Comecei então a procurar a origem desta aura perturbadora. Vinha de um sobradinho bem antigo pintado com tons pastel. Colorido. Alegre.

Encostei a Gold embaixo de umas arvores e desci. Estava totalmente alerta, me senti como o Homem-Aranha deve se sentir. Arrepiada. Em um salto, pousei silenciosamente em cima do telhado. Dirigi-me aos fundos da casa. Como eu suspeitava: A janela do quarto estava aberta.

Havia uma pequena sacada, desci cuidadosamente pela parede até ela. A porta estava trancada, o que quer que seja havia entrado pela janela. Escuridão total. Claro que para mim não importava. Ninguém no cômodo, mas o odor era terrível. Era de carne putrefada, mas somente um ser com sentidos apurados como os meus e capacidade de detectar o sobrenatural, poderia sentir.

Conseguia ouvir o ressonar e captar uma fraca energia humana vindo do quarto em frente. Eram quatro pessoas, duas muito fracas, deveriam ser crianças. Não tinha muita certeza; A energia que a criatura emanava tinha uma freqüência muito forte e estava confundindo um pouco meus sentidos. Podia ver as cores das auras iluminando fracamente o corredor, enevoadas pela aura da criatura.

Curiosa, preparei-me, busquei coragem no fundo do meu ser e entrei no recinto. Como havia sentido: Um casal e duas crianças.

- As crianças são sempre as mais saborosas, não concorda?

Não era nada do que passou por minha mente. Não era um monstro enorme, cheio de dentes. Apenas um homem, quer dizer, como fisicamente era. Mas, como eu, também era um ser de outra espécie. Consegui ver uma mudança em sua aura: A criatura estava receosa com o encontro inesperado.

- Quer eles? Desculpe, mas este é seu território?

- Meu território é bem grande. – Pensei: O mundo!

Fui e peguei o pai. Parecia um boneco, paralisado.

- Quem é você, ou melhor: O que é você? – Perguntei.

- Somente mais um tentando sobreviver. Você bebe quanto quiser e, eu fico com as carcaças.

- Você vai comê-los?

- Claro! Você não suga o sangue deles? Eu sumo com o resto. Pode me chamar de um faxineiro.

- Interessante... – Soltei o corpo do homem e peguei a esposa. – Simbiótico...

- Não! A relação de minha família com vocês nunca deu certo. Este encontro foi casual, você me pegou de surpresa. Dificilmente voltaremos a nos encontrar e, caso aconteça temo que não vá ser tão amistoso.

Percebi a tensão pela leve mudança em sua aura. Peguei uma das crianças. Estava somente bebendo o suficiente para deixá-los morrerem em paz. Não que eu me importasse, mas ser devorado vivo não deve ser nada agradável. Afinal também me alimentava com eles vivos. Alias era o que estava fazendo. Eles paralisados somente esperando a sua vez de serem mordidos por mim.

Soltei a ultima criança.

- Então se é para ser assim, espero que nossos caminhos não se cruzem outra vez. – Falei em um tom um pouco ríspido, ameaçador.

Ele olhou-me, cabisbaixo, mas com um olhar meio que raivoso, em silêncio e pegou a ultima criança de que me alimentei.

Sai como entrei. Não sei se teria estomago para presenciar a carnificina que estava por vir. Peguei minha Gold e deixei para trás o encontro sinistro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CRIANÇA DA NOITE: CONHECENDO O COVEN


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CRIANÇA DA NOITE: CONHECENDO O COVEN

Por Lord Gafa

Estava entre irmãos. Mas sabia que estava pisando em ovos. Não conhecia os dons de nenhum deles. Mas se perceberam minha presença lá fora, me seguiram e me encontraram, com certeza tinham os dons da noite poderosos. Tinham experiência, definitivamente eram muito mais antigos que eu, a neófita, tinha que ser cuidadosa. Ela já tinha me contado algumas histórias sobre covens. Eram irmandades antigas, cheias de regras. Não eram como repúblicas de minha época de faculdade. A coisa era séria.

Dominique era o todo poderoso, o mestre. Já tinha sido apresentada a cada um, mas minha mente ficou extremamente confusa... Nomes, poderes, idades. Vieram tão rápido que não consegui guardar ou relacionar, quem era quem e, quem fazia o que. Penso que isso foi proposital. Minha mente ficou uma bagunça. Demorei a me restabelecer. E após meu repouso ainda estava tudo embaralhado.

Érica me seguia e servia de guia, servia também como uma doadora de seus fluidos e energia para saciar meu apetite. Era uma garota simpática. Disse-me que foi escolhida entre muitas. E ela parecia orgulhosa, embora servil, de seu papel no coven. Pensei, com certeza ela devia ter esperanças de obter a dádiva da vida da noite. Nunca imaginei que existissem pessoas com um sonho desse. Antes de meu renascimento, tudo isso era fantasioso demais... Meu ceticismo. Mas vi que existem muitas pessoas que estão inteiramente predispostas a servir minha espécie. Transfiguram-se e tem esse modo de vida. Poucos conseguem realmente entrar em contato ou serem escolhidos para servir e viver entre nós. Lembrou-me Ígor, servo de Drácula, porem sem ser um lunático que devora insetos, uma pessoa comum, normal, como uma dama de companhia.

Percebi que meus semelhantes eram bastante calados, eram como ela, diziam frases soltas, não completavam o raciocínio, como que guardando um segredo. Contudo me tratavam muito bem. Admiravam o dom que recebi da noite, diziam ser muito raro, mas que, me contaram, existiam umas criaturas que andavam também de dia, com esse dom. O dom de se alimentar da energia dos mortais. Que eram muito perigosos, pois como muitas criaturas podiam vagar pela luz do sol e isso fazia com que possibilitasse acesso a nossa gente.

Justificavam de muitas maneiras a importância de se viver em um coven, não para me atrair para essa idéia, mais para mostrar que estavam mais protegidos em uma comunidade e, claro com a vigilância de mortais durante nosso repouso.

Era muito convidativo, mas eu preferia minha vida em liberdade absoluta. Sem regras de ninguém. Fazendo o que desse em minha cabeça.

Mas estava sendo bastante instrutivo. Ouvindo histórias que me interessavam. Das diversas criaturas que existiam. Como me defender. Que haviam mortais que sabiam da nossa existência e nos caçavam. De regras, verdadeiros tabus, que não podiam ser quebrados: Apresentar-se quando em um território de outrem; não matar ninguém de nossa espécie; respeitar os mais antigos; não se alimentar de acólitos de outro, a não ser que seja convidado, coisas desse tipo. Tínhamos regras, tabus, uma espécie de moral. Já imaginava isso.

Mas a vontade de caçar, de vagar por onde quisesse, como um lobo solitário, era mais forte. Já estava ficando impaciente, ansiosa. Foi quando Dominique mandou me chamar para uma conversa. Após minha chegada eu pouco o via, ele estava sempre em seu aposento. Somente, de vez em quando, mandava chamar alguém. E desta vez foi a mim que ele queria entrevistar. Minha sede de conhecimento aguçou minha curiosidade.

Não vou deixar escapar isso.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CRIANÇA DA NOITE: NASCIMENTO


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CRIANÇA DA NOITE: NASCIMENTO

Por Lord Gafa

Meu nascimento não foi doloroso, mas foi como um pesadelo. Ela conseguiu me seguir até Campinas, leu minha mente, um dos dons dela e que com o tempo eu descobriria a dádiva que a noite me proporcionaria. Isso se permanecesse viva, hahahaha, VIVA... Eu estava morta, sem batimentos cardíacos, branca como a neve. Bem sempre fui branca, ruiva, sardenta, e agora morta, aos meus 28 anos. Bem ainda não sei definir o meu estado... Morta viva, não, isso lembra zumbi. E continuo sendo a mesma, até agora nada de super visão, super velocidade, nada de super.

Poderia ser uma super heroína, livrando o mundo de corruptos, estupradores, assassinos; Assassinos, eu era uma assassina, tinha uma fome dolorida, insuportável, e não tinha nada de heróico, caçávamos qualquer um, tudo gado, ela me dizia. Não me acostumava, estava sempre deprimida, havia momentos em que não conseguia conter as lagrimas, outros em que recorria a animais, mas não era a mesma coisa. Nesses momentos ela ria e falava para tentar porcos, pois eram semelhantes ao humano. Isso me irritava, me punha para baixo. Era nessa hora que eu pegava minha Gold Wing e saia para sentir a vida, adrenalina, o vento em meus cabelos, as gotas de chuva em meu rosto, como que alfinetadas.

Tenho sorte de ser independente, uma individualista. Sempre presei a liberdade acima de tudo. E foi essa minha busca pela liberdade que me auxiliou nesta nova vida. Agora eu era livre. Nem ela podia me conter. Nada se comparara a ter o vento riscando seu rosto... Quando puder... Os cabelos soltos... Em cima de minha Gold.

Não suguei ratos. Não me martirizei. Não chorei angustiada minha nova situação. Usei de todos os subterfúgios para me adequar a ela e usei de todas as possibilidades. Tentei somente aprender com ela e, testei a mim mesma, fazendo tudo que me desse à louca. Estava em um estado de loucura... De devaneio. Ainda tentava compreender essa minha nova vida.

Comecei a ver luzes em todos os lugares. Em volta de cada ser vivente. No começo eram como borrões, mas agora estavam ficando mais nítidas. Tudo muito colorido, como em uma viagem. Ficava difícil de distinguir as formas físicas por trás de tanta luminosidade. Mas agora já estava ajustando meu foco. Eram as auras. Os chacras. Seria este meu dom? Dom estranho. Contudo conseguia perceber as emoções das pessoas. Era quase como ler seus pensamentos, mas de uma forma coletiva, não individual como ela. Percebia as mudanças em toda a minha volta, sem ter uma confusão de vozes em minha cabeça.

Percebi também que conseguia manipulá-los. Conseguia atrair a energia deles para mim. E isso me dava energia. Alimentava-me. Porém não bastava. O fluido vital ainda era o precioso néctar que me saciava de verdade. Mas era mais um componente que poderia me sustentar quando fosse necessário. E para a sobrevivência, qualquer coisa a mais era vital. Aprendi isso com ela. Não desprezar nenhuma dádiva da noite eterna. Nem por mais minúscula que fosse.

Era a lei da sobrevivência. A lei do mais forte. E eu tinha que aprender.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

CRIANÇA DA NOITE: APRENDIZADO


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CRIANÇA DA NOITE: APRENDIZADO

Por Lord Gafa

Minhas primeiras noites foram sombrias. Acompanhei ela em suas caças. Tinha que aprender como sobreviver, me alimentar.

Para ela tudo era como gado, mas eu tinha minha moral pequeno burguesa. Pegava só quem eu pensava que merecia.

Logo percebi que todos mereciam. Os indigentes eram mais fáceis, ninguém notava. Mas com o passar do tempo vi que eles aninhavam-se em pequenos grupos... Eram uma família de sem famílias. Comecei a compreendê-los. Mas continuava com reservas, talvez fruto de minha criação cristã e social, ou o que sobrava dela.

Mas eu estava apaixonada por ela. O temor já havia passado. Ainda me assombrava com algumas atitudes dela, mas começava a entender em que lugar da cadeia alimentar eu estava... No topo.

Depois de saciadas, voltávamos para nossa alcova; um de meus vários imóveis, nunca no mesmo, e fazíamos amor, trocávamos nossos sangues com leves e doces mordidas, nossos caninos passeavam por zonas que aprendemos mutuamente a nos proporcionar o máximo de prazer. Nossas peles gélidas arrepiavam-se a cada toque, sensíveis e às vezes mordazes. E próximo ao nascente, começávamos a nos entregar aos braços acalentadores de Morpheus.

Contudo, não era sempre assim. Muitas vezes ela ficava arredia, impaciente, calava-se e, como nada, desaparecia. Aprendi a não contar com sua presença constante. Meu espírito também clamava por seus momentos de liberdade. E eu, rebeldemente, a deixava, sem uma palavra, para vagar ao vento sobre minha Gold, presa somente aos meus pensamentos e devaneios, indo aos lugares que em vida eram somente sonhos de uma garota cheia de afazeres e deveres impostos pela sociedade.

Sem as atribulações de meu antigo cotidiano, minha percepção do mundo ganhou novo sentido. Livre dos grilhões sociais, sem classe, sem atributos, sem preconceitos, só respondendo a mim mesma pelos meus atos, passei a observar pequenas coisas, leves e singelos movimentos que ornam a vida dos seres viventes.

Eu era poderosa agora. Podia perceber mudanças de estado ou comportamento de qualquer ser, apenas vislumbrando as cores das auras ou dos chacras. Era forte. Rápida. O mundo passava a minha volta em slow motion. Nenhum movimento me escapava. Podia até antecipar certas reações, como que uma vidente.

Meu aprendizado estava fluindo mais rápido do que eu poderia pensar. Bastou me livrar de meus conceitos e preconceitos. Aceitar minha nova situação. Como uma borboleta se desprendendo de sua pulpa. Alçando vôo para o infinito e além.

Sabia que ainda existiriam barreiras, naturais, como o Sol e, sobrenaturais, como seres que só havia imaginado em fantasias infantis. Isso ainda tinha que aprender com ela. E não era tão simples. A sua maneira, ela soltava informações ao léu, por vezes parcialmente, como quem quer prender sua pupila, mantendo-a com curiosidade e vontade de absorver os conhecimentos, tratados como segredos, escritos em papiros empoeirados presos em uma tumba ainda não descoberta.

Muita coisa, entendi, eu mesma deveria descobrir. Dons que nos diferenciam, dando nossa individualidade, nossa proteção, fornecendo-nos capacidades diferenciadas para que possamos sobreviver em meio a uma miríade de seres competindo entre si pela eternidade.

Aprendi que a minha primeira e maior barreira seria aprender a lidar comigo mesma.

sexta-feira, 15 de julho de 2011


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DENTRO DO COVEN

Por Lord Gafa

Estava dentro do Coven, já tinha ouvido falar, mas nunca imaginei que veria um. Humanos aspirantes serviam seus mestres como servos fieis, dispostos a dar seu sangue, no sentido da palavra, ansiosos pela eternidade, podia sentir o odor de medo e via suas auras como que em tons pastéis.

Contei por cima uns vinte de minha espécie. Todos os olhares voltados para mim. Sentia a curiosidade em seus olhos.

Negro, alto, bonito, aparentava uns 30 anos, mas com certeza tinha séculos acumulados em sua existência. O grão mestre. Movimentos pensados, delicados. Aproximou-se de um garoto, puxou-o pelo braço e me ofereceu.

- Sirva-se. Sinto que você está com fome.

Peguei o braço do garoto e mordi seu pulso esquerdo. Quando senti que ele ia desfalecer, parei.

- Gostei de ver: autocontrole. Raro em um neófito. Seu mestre deve tê-la instruído muito bem.

- Não tenho mestre! Apenas sigo meus instintos. Sei como me portar em diversos ambientes. Ser comedida perante o desconhecido. E respeitosa no território de outros. Mas eu respondo por minhas atitudes. Não tenho que dar explicações a ninguém.

Então o grão mestre aproximou-se e pegou meu braço. Beijou minha mão e, cravou seus caninos em meu pulso.

Fiquei parada, deixando rolar... Nem tinha como reagir cercada por tantos iguais, com certeza mais velhos, experientes, fortes e com habilidades que desconhecia. Cada um de nós desenvolve aptidões diferentes e tinha certeza de que estavam me analisando de todas as maneiras possíveis e inimaginárias. O mais sábio que pensei em fazer foi deixar ser analisada e respeitosamente, ser eu mesma. Deixei minha mente aberta e esperei o fim de minha oferenda, não consentida, ao grão mestre.

- Então foi ela que foi a responsável por seu renascimento... Está explicado o seu modo de vida e desconhecimento das regras de nossa sociedade!

Acabei de ver toda sua vida. A passada e após seu renascimento. Você é uma selvagem, mas com moral e sentimentos ainda humanos. Sorte sua que se libertou dela... Ela esta banida de nosso convívio. Porem o caminho que está trilhando vai levá-la com certeza a mesma vida anárquica que ela chegou. Rebelando-se contra todas as normas de conduta e convivência harmoniosa de nossa sociedade.

- Sou solitária, livre, não gosto de ninguém me estipulando normas e regras. Da maneira que vivo não prejudico ninguém e não exponho nossa espécie. Se invadi seu território me desculpe, mas não pretendo ficar aqui trancada a eternidade para aprender normas de conduta, ou ser subserviente a qualquer um. Terei todo o respeito e cordialidade para com todos, mas peço que respeitem minha individualidade e os valores que estipulei para mim.

- É... Ela soube escolher; A semelhança é incrível. Peço somente que permaneça um tempo entre nós para aprender a desenvolver e utilizar suas habilidades o máximo possível. Desta maneira aprendera como vivemos e convivemos com os humanos. Com certeza algumas “normas e regras” nossas vão ser uteis e até podem vir a te salvar um dia. E, tenha em mente que não obrigamos ninguém a fazer nada que não queira; Você é livre para ir e vir quando quiser. Só peço que nos de uma chance.

Ele tinha razão. Preciso aprender a ser mais humilde e menos espirituosa. Além do que, o que custaria ter uma estadia confortável e segura. Não dever ser tão terrível conviver entre seres da mesma espécie. Por um tempo. Também já estou cansada de aprender sozinha, dando cabeçadas em paredes e por sorte escapando da morte, com todas as mancadas que eu dou com essa minha mania de fazer as coisas atiradamente de minha maneira.

- Tudo bem. Aceito a estadia. Vou procurar aprender mais sobre essa minha nova vida. Mas quero a promessa de que tenho salvo conduto e posso sair quando eu quiser.

-Claro minha criança... Tem minha palavra. Ninguém aqui deste Coven a forçara a nada.

Então todos os presentes vieram em minha direção e, um por um, apresentou-se cordialmente, dando-me o pulso para conhecê-los. Foi como ter de uma vez só varias personalidades, bombardeando meu cérebro. De repente tudo apagou...

Acordei em uma cama maravilhosa, em um quarto que parecia ter saído de um desses filmes da idade media. Minha mente ainda estava transbordando de informações, ainda meio confusas, sobre meus irmãos e irmãs. Então percebi ao meu lado, uma garota, de uns 19 anos, sentada em um divã.

- Boa noite, minha senhora, meu nome é Érica, sou sua acolita, sirva-se de mim...

É... Minha estadia esta prometendo ser proveitosa...

sábado, 25 de junho de 2011

CRIANÇA DA NOITE: SERES NOTURNOS


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Por Lord Gafa

Roko’s Bar. Belenzinho. Território de caça. Para eu, antes, era o fim do mundo; Hoje, conhecedora de tantos lugares interessantes desta megalópole, desconhecidos dos próprios paulistanos... Tantos mundos coexistindo...

Adolescentes com os hormônios a flor da pele, pretendentes a intelectuais, enfim um ecossistema com uma fauna formada por varias tribos. Território delimitado por poder, aquisitivo ou numérico, mas com respeito e até certa simbiose.

Às vezes tenho vontade de comida exótica, como que, sentindo-me devorar, como se absorvesse minha imagem de um espelho, mesmo que destorcida por uma ilusão ótica, pela minha própria mente ou realidade.

Atraiu-me um rapaz gótico. Alto, sobrancelhas unidas, cabelos negros, olhos verdes. O sobretudo negro combinava com o vento e a fina garoa que refletia as auras.

Ainda não me acostumei a enxergar auras, chacras, a força vital emanando dos seres através de cores e linhas ligando-os uns aos outros, ou apenas se perdendo no espaço.

Sentia seu olhar em mim como se estivéssemos frente a frente. Mas sua aura era branca, iluminada, seus chacras estavam limpos como cristais, alias estavam cristalinamente emanando todas as suas cores, até harmoniosamente transformarem-se e fundir-se ao branco de sua aura. Estranho vindo de alguém que aprecia a cultura gótica.

Cada vez era mais atraída por sua excentricidade energética. Saboreava os momentos. Minha sexualidade estava aflorando por todos os meus poros. Sentia-me sensual em cada ato, desde um simples gole em minha taça de vinho, até quando dançava Sisters of Mercy... Mas estava adorando me sentir a presa. Ser devorada por olhares e mentes, ser cortejada e seduzida por minha própria imaginação observadora através dos olhares de outrem. Imagem refletida em um espelho de cristal.

Sensação de êxtase. Saciada.

Agora, de volta aos que a vida tornou insignificantes, invisíveis, descartáveis e, o melhor, desprezados anônimos sociais.

Sentei em meu cavalo, minha Gold. Abraçada por trás. Pelo retrovisor, o homem. A fonte de todo meu torpor noturno. Não me virei para encará-lo.

- Siga para nosso caminho. Ouvi.

Dei a partida. Acelerei.

Merecia um gran finale. P2, sob a lua cheia, sobre a relva molhada pela fria garoa de horas atrás. Praça do Pôr do Sol. Adorava este lugar. Foi a ultima vez em que o vi. Avermelhado, se escondendo de mim para sempre. Um misto de saudosismo e lembrança de meu renascimento.

Parei. Não disse nada. Não dissemos nada.

Fizemos amor como animais. O orgasmo. Viva! Me senti viva!

Peguei seu braço em meu seio. Pêlos, unhas como navalha... Um empurrão. Um uivo!

Saltei uns 20 m com o susto... Um lobo! Enorme! Olhou com seus olhos verdes avermelhados, virou-se e desapareceu...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Queria escrever um poema




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Queria escrever um poema,

um poema que falasse de amor.

queria criar um poema,

um poema que disfarssace minha dor.

Queria tirar minhas mascaras,

Destruir meus muros de medo,

Livrar-me de minhas couraças,

Viver a vida sem segredo.

Queria escrever um poema,

Um poema que falase da dor,

Queria escrever um poema,

Um poema escuro, sem cor.

Queria ver um mudo colorido,

Pintar paisagens bucólicas,

Que não me sentisse dolorido,

Viver uma vida folclórica.

Queria escrever um poema,

Um poema que falasse de mim.

Queria escrever um poema,

Um poema de uma vida sem fim.

Mas não sou um poeta.

Em vez disso, me escondo,

Mostrando uma vida completa,

Vivendo devaneios como em um conto.

Por Lord Gafa

sábado, 28 de maio de 2011

Coven


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COVEN

Aprendi muito nesse tempo em que consegui me desvencilhar dela. Descobri que não sou a única a vagar por esse mundo. Descobri que necessitamos dos outros, mas não conseguimos conviver por muito tempo. Somos caçadores solitários. Passar uma eternidade na solidão... Isso deve ser angustiante.

Pensava enquanto dirigia minha Gold Wing, em direção a Sampa. Delimitei meu território de caça em uns 250 km ao redor da capital. Muita gente. Muitos desaparecimentos que nem são averiguados. Só não me acostumava ao cheiro do povo da rua. Também sempre fui uma patricinha, rebelde, desde a morte de meus pais.

Passava pela Av. Brasil, congestionada... Resolvi passear pelas ruas dos Jardins. De repente uma sensação tomou conta de mim. Como se tivesse apertado uma campainha em meu cérebro, um zumbido em meus ouvidos.

Então me vi cercada por duas Harleys. Fizeram sinal para eu parar.

- Siga-nos!

Não entendi direito, mas aquela sensação de morte me acometeu. Pensei em acelerar e fugir; Aquelas Harleys não eram páreo para minha Honda.

- Nem pense nisso! – Disse o outro.

Compreendi. Mais uma vez pega de surpresa por minha espécie...

Fizemos a volta e segui-os até uma mansão. O portão se abriu. Entramos.

Paramos em frente a uma escadaria, a porta da frente. Enquanto tirava o capacete, dava uma visualizada nos arredores. Um belo jardim, com uma fonte e lago ao redor dela. Na fonte, Pan com uma urna, vaso, jorrando água. Os muros, escondidos por ciprestes.

Apeei da moto. Eles tiraram o capacete também. Dois rapazes de minha idade. Um loiro e o outro de cabeça raspada e, toda tatuada. Tribais.

- Calma garota... Só sentimos sua presença e resolvemos averiguar quem é você. O Grão mestre de nosso Coven ficou intrigado e quer vê-la.

“Grão mestre? Coven? Isso é novidade para mim...”

Entramos. Uma ante sala espaçosa. Cortinas vermelhas. Porque não fiquei surpresa? Colunas dóricas e, uma escadaria de cada lado, em meia lua. E, uma dúzia de pessoas sentadas, bebendo e conversando. Estranho... Não pensava que tantos de nós convivessem juntos, mas entre eles senti o cheiro de humanos. Mas não consegui distinguir entre eles, ainda era difícil para eu conseguir utilizar meus dons completamente. Ainda era uma neófita.

Descendo da escadaria, um homem alto, negro, vestido como se estivesse no século XVII na Inglaterra.

- Bem vinda ao nosso lar!


Por Lord Gafa

sexta-feira, 20 de maio de 2011

CRIANÇA DA NOITE: CAÇA!


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Estava calmamente passeando nas redondezas da Praça da República, vendo a fauna noturna, quando na vi... Bela, cabelos ruivos, pele clara, dentro de um terno masculino, pensei logo em suas preferências. Mas era bela demais.

Sentei-me em um banco a sua frente. Fiquei implorando por um olhar dela. Mas quem não olharia um punk, cabelo moicano, cor de cenoura, com suas roupas todas rasgadas, coturno, todo de preto... Porém não chamei a sua atenção.

Sem coragem de me expor e certo de que ela esperava uma namorada, sai para um rolê. Mas sua figura não saia de minha cabeça. Circulei por vários bares e boates. Estava totalmente embriagado. Sem ter aonde ir, dirigi-me a rua Aurora, em meio a tantos perdidos física, mental e socialmente, eu não seria importunado. Comecei a observar os transeuntes. Um bando de dependentes químicos. Se algum deles desaparecesse quem iria ligar??? Nesta cidade nem existe uma base no calculo de quantos desaparecem por dia...

Peguei umas pedras de crak e cheguei em duas garotas que aparentemente estavam na nóia... Chamei-as para usá-las no Parque da Luz. Me acompanharam. Em sua viagem não perceberam o que estava por vir e, me aproveitei disto...

Saciado, agora estava circulando pelo largo do Arouxe. Estava cansado, não cansado de fazer algo, estava cansado da vida. Devia ser umas 2 horas da madruga, me encostei na praça, cercado de casais homo, hetero, ou bi, seja lá o que fossem, pouco me importava. Fechei os olhos e tentei repousar, descansar um pouco.... Abri os olhos. Já não tinha quase mais ninguém. Do meu lado a ruiva.

- Senti seu desejo de morte. Estou aqui para realizá-lo... Não vai doer...Vai ser como um profundo sonho...

Ela abriu sua boca e mordeu meu pescoço. Senti o sangue se esvair. Uma sensação de êxtase percorreu meu corpo inteiro. Mas não podia permitir isso.

Virei-me com toda a minha velocidade e minha força. Segurei-a firmemente e cravei meus caninos nela. Vi toda a sua vida passar pela minha mente. Estava muito bem alimentado com o sangue das duas jovens. Suguei seu sangue, vendo a história de suas últimas vitimas. Eu era bem mais velho, antigo e, ela uma criança...

Ela se debatia, mas não adiantava. Bebi até ela se desfalecer.

Levei-a no colo até um hotel. E aguardei.

Quando ela abriu seus olhos, cortei meu pulso, alimentei-a...

-Você tem muito que aprender...Criança... Criança da noite...

FOME

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Por Lord Gafa

Estava em meu caminho, era noite avançada,

Via perambulando pela madrugada,

Bêbados, prostitutas, a escória...

Mas para mim eram gado.

Não que eu não tivesse sentimento algum,

mas passados todos estes anos,

só via minhas necessidades, sem glória,

já nem me lembrava do remoto passado,

os dias devoravam-se um a um,

eram apenas véus antigos, rotos panos.

Mas a fome era eterna, consumia-me,

E meus atos que podem parecer repugnantes,

mantinham minha eterna busca,

por infinitas respostas, que perguntado-me,

sempre sobravam os questionamentos de antes.

A eternidade não basta, é pouco,

perante o infinito, infinito de duvidas infantis,

para onde vamos, oque fazemos aqui,

porque existimos, isso me deixa louco.

para manter-me, sou culpado de atos vis,

e nenhuma resposta conclui,

o porque de os líquidos vitais de um ser alimentar o outro,

Assim faze as minúsculas bactérias,

os insetos, os répteis, as aves e os mamíferos.

Devoramos, sim, a energia vital

Mas é por necessidade, não por mal.

BOA NOITE, CRIANÇA DA NOITE!


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Era meu ultimo dia de vida. Acordei cedo meio zonza da noitada anterior, como se estivesse de ressaca, mesmo assim abri a janela de meu apartamento e ainda consegui admirar meu último nascer do sol, sentindo a brisa fresca do amanhecer. Hoje não teria trabalho, faculdade, afazeres domésticos... Só teria que curtir meu dia, um dia especial, só meu.

Faria o que viesse na cabeça, iria me fartar das coisas que mais gosto. Comecei a fazer planos... Que nada, iria deixar a vida correr a seu bel prazer, o destino já estava escrito mesmo.

Tomei um banho com todas as ervas que possuía, queria me limpar, o corpo e a alma. Passei cremes em minha pele, no corpo todo, dos pés aos meus cabelos. Maquiei-me moderadamente, escolhi meu melhor vestido, um pretinho básico, coloquei minha meia predileta, meu coturno e meus adereços. Sai.

Era cedo, os pontos de ônibus lotados de trabalhadores e estudantes. Acelerei minha Gold Wing, o vento em meu rosto. Primeira parada no “Estadão”, cheio de pessoas indo trabalhar, voltando do trabalho ou simplesmente da balada. Pedi um capuchino e me servi de um croissant de queijo e calabresa. Adoro isto.

Passei pelo Teatro Municipal, subi a São João, entrei novamente na Ipiranga, subi a Consolação, passando pelo meu edifício, dando uma última olhada no Copam, uma cidade. Entrei na Paulista via Augusta passando pelo MASP, desci a 23 e parei no Parque do Ibira. Desliguei a moto, andei até o MAM. Sentei e comecei a apreciar as pessoas fazendo seus exercícios, suas caminhadas, suas corridas matinais.

Ouvindo o canto dos bemtevis, sabiás, passou uma revoada de maritacas com seus gritinhos atormentados. Dei uma volta no parque, respirando o ar puro de uma ilha no meio da metrópole. Perdi a noção do tempo. Era hora de almoçar. Fui direto comer uma senhora feijoada, no “Bolinha”, é claro. Saciada sai e fui tomar um chope no “Alemão”. 17 horas... Hora da espulsadeira. Hora de fechar o bar. Novamente sai. Passei pelo Parque Antártica, onde assisti a tantos jogos do meu verdão. Fui até a P2 para admirar meu último pôr do sol, a hora mágica. Tinha ainda um último compromisso a cumprir.

Comecei a ficar saudosa de coisas que fiz e das que ainda não tivera oportunidade de fazer. Parei em frente ao “Madame”, onde era o combinado. Ainda fechado... Entrei no bar da tia e pedi um blood Mary, é claro que tive que prepará-lo. Pensando na vida e refletindo sobre minhas últimas decisões e acontecimentos, comecei a ficar angustiada. Tinha tudo. Um emprego excelente, estava com minha tese de doutorado quase terminada, com meu MBA encaminhado em Havard, com todo o dinheiro e propriedades herdados de meus pais recém falecidos em um acidente idiota, mas ainda assim me sentindo uma loba solitária, sem propósito na vida. E aquela proposta surgida no calar da noite anterior. Não acreditei no principio, mas depois confirmei que era verdadeira. Não tinha nada a perder. Mas agora... Sei lá... Deu-me vontade de fugir. Ela me dissera que não haveria mais volta. Tinha dado minha palavra e, palavra é a única coisa que nos diferencia dos animais. É coisa de honra. Não. Vou voltar atrás.

Montei em minha gold e acelerei tudo. Peguei a Bandeirantes... Campinas, vou dormir em meu apê no Cambui, depois, sei lá... Ela não vai conseguir me encontrar, tenho diversos imóveis para me esconder.

Cheguei, finalmente. Subi para o apê. Tomei um banho e me deitei, nua mesmo. Era meia noite, a hora marcada. Fiquei o mais atenta que pude, mas estava cansada, desgastada pelo dia que tive. Meus olhos começaram a se fechar. Não. Precisava ficar atenta, acordada. Fui até a cozinha e peguei um pote de pó de guaraná e fiz um café bem forte. Misturei tudo. Tomei. Fiquei vigilante, mas minhas pálpebras teimavam em fechar. A garrafa térmica acabou. Ora, penso, estou viajando... Isto não existe.

Deixei o sono me levar.

De repente, acordo com uma brisa gelada, a janela estava aberta, com as cortinas esvoaçando. Dou uma geral no quarto, na penumbra, no canto do quarto, próximo a porta, estava um vulto. Era ela. Mas como?

- Você me deu sua palavra e eu lhe dei a minha.-sussurrou na escuridão, quase um lamento.- e eu vim cumpri-la.

-Como você...

Não completei a frase, de um salto ela já estava ao meu lado, não sei como, me pegou pelos ombros e cravou seus dentes em meu pescoço. Quis mas não consegui emitir nem um som, do que era para ser um grito. Meu corpo amoleceu, como que fosse desmaiar, minhas pálpebras fechando, cai sobre a cama, em seguida comecei a sentir um liquido em minha boca. Gosto de ferro, mas doce. Desfaleci.

Acordei, já era noite, um sonho, nada mais que um sonho... Passei a mão em meu pescoço. Nada. Nenhuma mordida ou dor. Ri de mim mesma. Então a ouvi...

- Boa noite, criança da noite!

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Promotor que opina em versos

Era apenas mais uma ação de separação judicial numa Vara de Família de Brasília (DF), mas o espirituoso Promotor de Justiça Irênio da Silva Moreira Filho resolveu elaborar um parecer em versos, defendendo a solução imediata do problema.






EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DE FAMÍLIA, ÓRFÃOS E SUCESSÕES DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE CEILÂNDIA-DF



Autos n.º 9892-8/07



Ref.: AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL



Senhor Juiz, vem este Órgão Ministerial,

com ponderação e consciência,

apresentar sua manifestação final,

trazendo seus argumentos à Vossa Excelência.



Trata-se de ação de separação judicial,

movida pelo marido, ora requerente,

em face de sua esposa, com a qual

há tempos está descontente.



Relata o varão que o casal

há mais de três anos se uniu.

Não há filhos nem bens, segundo a inicial.

Apenas, um casamento que faliu.



A ré, mais elegante dizer requerida,

regularmente citada ofertou contestação,

na qual, de alma sentida,

demonstrou contra o pedido sua indignação.



Deixou claro a mulher

que não deseja a separação,

mas se acolhido o que o marido quer,

pretende dele receber pensão.



Antes de seguir adiante,

para não ficar incompleto o relatório,

atesto que na audiência de conciliação,

os cônjuges não reataram o casório.



Designada audiência de instrução e julgamento,

as partes prestaram declarações,

tendo a requerida, sem ressentimento,

desistido das mensais pensões.



Em suas considerações finais,

a ré alega que só há dez meses de fato da separação,

querendo assim, com assertivas tais,

a improcedência do pedido, para lutar pela reconciliação.



Pois bem. Agora este Promotor,

no seu mister de respeito,

passa a oficiar no seu labor,

discorrendo sobre o fato e o direito.



O magoado marido, em seu depoimento

contou que a esposa não lhe dava atenção,

não cuidava da casa e, para seu tormento,

só pensava no trabalho e na religião.



Disse também que, depois da primeira audiência,

voltou para casa uns dias e tentou a reconciliação,

mas a esposa lhe retirou a paciência,

porque só revivia os motivos da separação.



Ao final, relatou que tem nova companheira

e que agora, sem titubeação,

não mais enxerga qualquer maneira

ou possibilidade de reconciliação.



A esposa demandada, em depoimento pertinaz,

disse que o casal se desentendia

porque o varão a acusava de trabalhar demais,

e por isso com ela discutia.



Foi categórica em afirmar

que o esposo não está bem espiritualmente

e que para a ele perdoar,

deve ele pedir perdão a Deus e à depoente.



Peço vênias aos que pensam diferente,

seja por religião ou outro motivo qualquer,

mas se a falência de um casamento é patente,

como manter unidos o homem e a mulher?



Nada importa que, para a separação judicial, somente

haja, agora, onze meses de separação de fato,

embora seja certo que, comumente,

a lei exija mais de um ano para o juiz conceder o ato.



É que o art. 1.573, parágrafo único, do Código Civil,

permite que a separação judicial seja decretada

também quando for inútil

a preservação da união já acabada.



Com efeito, o Juiz pode, segundo esta disposição legal,

considerar outros fatos que tornem evidente

a impossibilidade da vida conjugal,

como é o caso presente.



Segundo a atual doutrina e jurisprudência, é de todo irrelevante,

na separação, falar em culpa de quem quer que seja.

O essencial, o importante,

é solucionar a peleja.



Não há culpado pelo fim do amor,

ou da comunhão de ideais e de vida.

Se o casal já convive com o rancor,

a estrada da separação já foi percorrida.



O autor deixou evidenciado

que a vida em comum se tornou insuportável.

Inclusive já tem nova companheira,

com a qual quer uma união estável.



Por todo o exposto e com serena consciência,

o Ministério Público requer ao nobre Juiz

que, ao pedido de separação judicial, dê procedência.

E recomenda que cada qual das partes procure ser feliz.



CEILÂNDIA-DF, 03 de setembro de 2007.



IRÊNIO DA SILVA MOREIRA FILHO

Promotor de Justiça
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Obs.: Este texto circula na internet e eu copiei de um amigo.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A BATALHA


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Era uma noite escura, sem lua, sem luzes da cidade...Era o campo, aquele ar fresco e com cheiro de mato. Notavam-se somente as formas sombrias que só uma noite como esta poderia proporcionar, arvores, arbusto, colinas, apenas delineavam o horizonte. Era uma noite de solstício de verão. Mas por cima das nuvens, todos sabiam que uma lua cheia e enorme permanecia pelos céus pela primeira vez deste mês. Sabiam o comprometimento que este ritual simbolizava em suas vidas.
Estava como em todas as noites correndo pela floresta, sentindo a liberdade, arfando em meu galope, foi quando a vi, ao lado de uma fogueira, entre muitas, lá estava ela, linda dourada em seus cachos, alva em sua pele. Entre tantas guerreiras, ela me chamou a atenção. Trouxeram homens acordaçados e cada uma os escolheu e começaram a copular. Cada tinha escolhido o seu, menos minha reluzente musa, e algumas outras. Os homens eram poucos e as guerreiras muitas. Somente as mais velhas tinham a prioridade.
As demais guerreiras deitaram-se ao redor da fogueira apreciando o espetáculo, o inicio de uma nova linhagem. Dentre elas minha amada, mas em um distante local, escondido entre as heras.
Comecei a chegar-me... Mais perto, mais perto. Aproximei-me tanto que podia ver ela deitada em sua sonolência adolescente de ninfa, sem que ela me notasse. Fiquei observando-a até que o vinho fizesse efeito e Morfeus viesse buscá-la. Foi quando me abaixei e peguei-a nos braços e levemente sai com ela, levando-a para o obscuro da floresta, onde nem Pan ousaria entrar. Caminhei por várias horas até meu recanto solitário,
onde a deitei sobre minhas folhagens preferidas, para que repousasse os sonhos dos deuses.
Ao amanhecer ela começou a acordar e a perceber que não estava em um lugar que conhecia. Então notou minha presença. Seus olhos ficaram vermelhos como o sangue e ela imediatamente atirou-se contra mim. Sem que eu quisesse tive que manter uma batalha, fui obrigado ao embate pela discórdia que existia entre nossas tribos.
O sangue jorrou das duas partes, mas mais da minha, que como sendo mais velho e habilidoso, não podia deixar de ferir seus sentimentos de guerreira raptada em uma de suas mais importantes cerimônias anuais. Ela somente com suas mãos e pés, cravavam em minha carne como se fossem de um felino, e a rasgavam como um animal selvagem. Enquanto eu, apenas me apartava e lhe dava golpes que a mantivessem a minha distância.
O desgaste tomou conta de nós dois e aos poucos fomos nos apartando, e ficando mais próximos, até que nossos corpos se entrelaçaram em nosso grande romance e amor, existente entre nós dois, como se fosse um grande pecado, um grande desafio. Até que nos fundimos em nosso enlace, como sempre nós fizemos. Como os antigos Andrógenos, nos encontramos em um amor verdadeiro, duas almas, um só corpo, almas gêmeas.
Amamo-nos como nunca tivéssemos nos amado, como uma orquídea e um salgueiro, um completando o outro. Como dois guerreiros. Eu, Herofonte e ela, Crinéa. Um Centauro e uma Amazona. Inimigos na etnia, unidos pelo amor.