quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CRIANÇA DA NOITE: BANQUETE PARA DOIS


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CRIANÇA DA NOITE: BANQUETE PARA DOIS

Por Lord Gafa

Estava passando pela Vila Madalena. Muitos bares. Muita gente. Não gosto muito de lugares muito freqüentados, mas aqui se pode encontrar um lugarzinho acolhedor com boa musica e pessoas interessantes.

Entrei em um bar de MPB, freqüentado por um publico seleto: artistas, cantores, compositores, produtores, enfim os atores e autores da vida cultural paulista. Estava rolando uma espécie de Jam, com diversos músicos; Estavam comemorando alguma coisa. E, entretidos que estavam em seus festejos, passei despercebida, ninguém me incomodou. E a energia... Ah... Serviu-me como uma bela entrada, um petisco, aperitivo.

Sai para um role despretensioso, circulando pelas ruas do bairro em busca de um desgarrado que pudesse saciar minha fome de néctar da vida. De repente, senti um abalo na energia. Algo estava errado. Eram só residências. Será que tinha invadido o território de alguém? Mas logo percebi que não era uma energia qualquer. Não era, com certeza, de um familiar. Sem perceber já tinha parado minha Gold. Comecei então a procurar a origem desta aura perturbadora. Vinha de um sobradinho bem antigo pintado com tons pastel. Colorido. Alegre.

Encostei a Gold embaixo de umas arvores e desci. Estava totalmente alerta, me senti como o Homem-Aranha deve se sentir. Arrepiada. Em um salto, pousei silenciosamente em cima do telhado. Dirigi-me aos fundos da casa. Como eu suspeitava: A janela do quarto estava aberta.

Havia uma pequena sacada, desci cuidadosamente pela parede até ela. A porta estava trancada, o que quer que seja havia entrado pela janela. Escuridão total. Claro que para mim não importava. Ninguém no cômodo, mas o odor era terrível. Era de carne putrefada, mas somente um ser com sentidos apurados como os meus e capacidade de detectar o sobrenatural, poderia sentir.

Conseguia ouvir o ressonar e captar uma fraca energia humana vindo do quarto em frente. Eram quatro pessoas, duas muito fracas, deveriam ser crianças. Não tinha muita certeza; A energia que a criatura emanava tinha uma freqüência muito forte e estava confundindo um pouco meus sentidos. Podia ver as cores das auras iluminando fracamente o corredor, enevoadas pela aura da criatura.

Curiosa, preparei-me, busquei coragem no fundo do meu ser e entrei no recinto. Como havia sentido: Um casal e duas crianças.

- As crianças são sempre as mais saborosas, não concorda?

Não era nada do que passou por minha mente. Não era um monstro enorme, cheio de dentes. Apenas um homem, quer dizer, como fisicamente era. Mas, como eu, também era um ser de outra espécie. Consegui ver uma mudança em sua aura: A criatura estava receosa com o encontro inesperado.

- Quer eles? Desculpe, mas este é seu território?

- Meu território é bem grande. – Pensei: O mundo!

Fui e peguei o pai. Parecia um boneco, paralisado.

- Quem é você, ou melhor: O que é você? – Perguntei.

- Somente mais um tentando sobreviver. Você bebe quanto quiser e, eu fico com as carcaças.

- Você vai comê-los?

- Claro! Você não suga o sangue deles? Eu sumo com o resto. Pode me chamar de um faxineiro.

- Interessante... – Soltei o corpo do homem e peguei a esposa. – Simbiótico...

- Não! A relação de minha família com vocês nunca deu certo. Este encontro foi casual, você me pegou de surpresa. Dificilmente voltaremos a nos encontrar e, caso aconteça temo que não vá ser tão amistoso.

Percebi a tensão pela leve mudança em sua aura. Peguei uma das crianças. Estava somente bebendo o suficiente para deixá-los morrerem em paz. Não que eu me importasse, mas ser devorado vivo não deve ser nada agradável. Afinal também me alimentava com eles vivos. Alias era o que estava fazendo. Eles paralisados somente esperando a sua vez de serem mordidos por mim.

Soltei a ultima criança.

- Então se é para ser assim, espero que nossos caminhos não se cruzem outra vez. – Falei em um tom um pouco ríspido, ameaçador.

Ele olhou-me, cabisbaixo, mas com um olhar meio que raivoso, em silêncio e pegou a ultima criança de que me alimentei.

Sai como entrei. Não sei se teria estomago para presenciar a carnificina que estava por vir. Peguei minha Gold e deixei para trás o encontro sinistro.

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