sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A BATALHA


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Era uma noite escura, sem lua, sem luzes da cidade...Era o campo, aquele ar fresco e com cheiro de mato. Notavam-se somente as formas sombrias que só uma noite como esta poderia proporcionar, arvores, arbusto, colinas, apenas delineavam o horizonte. Era uma noite de solstício de verão. Mas por cima das nuvens, todos sabiam que uma lua cheia e enorme permanecia pelos céus pela primeira vez deste mês. Sabiam o comprometimento que este ritual simbolizava em suas vidas.
Estava como em todas as noites correndo pela floresta, sentindo a liberdade, arfando em meu galope, foi quando a vi, ao lado de uma fogueira, entre muitas, lá estava ela, linda dourada em seus cachos, alva em sua pele. Entre tantas guerreiras, ela me chamou a atenção. Trouxeram homens acordaçados e cada uma os escolheu e começaram a copular. Cada tinha escolhido o seu, menos minha reluzente musa, e algumas outras. Os homens eram poucos e as guerreiras muitas. Somente as mais velhas tinham a prioridade.
As demais guerreiras deitaram-se ao redor da fogueira apreciando o espetáculo, o inicio de uma nova linhagem. Dentre elas minha amada, mas em um distante local, escondido entre as heras.
Comecei a chegar-me... Mais perto, mais perto. Aproximei-me tanto que podia ver ela deitada em sua sonolência adolescente de ninfa, sem que ela me notasse. Fiquei observando-a até que o vinho fizesse efeito e Morfeus viesse buscá-la. Foi quando me abaixei e peguei-a nos braços e levemente sai com ela, levando-a para o obscuro da floresta, onde nem Pan ousaria entrar. Caminhei por várias horas até meu recanto solitário,
onde a deitei sobre minhas folhagens preferidas, para que repousasse os sonhos dos deuses.
Ao amanhecer ela começou a acordar e a perceber que não estava em um lugar que conhecia. Então notou minha presença. Seus olhos ficaram vermelhos como o sangue e ela imediatamente atirou-se contra mim. Sem que eu quisesse tive que manter uma batalha, fui obrigado ao embate pela discórdia que existia entre nossas tribos.
O sangue jorrou das duas partes, mas mais da minha, que como sendo mais velho e habilidoso, não podia deixar de ferir seus sentimentos de guerreira raptada em uma de suas mais importantes cerimônias anuais. Ela somente com suas mãos e pés, cravavam em minha carne como se fossem de um felino, e a rasgavam como um animal selvagem. Enquanto eu, apenas me apartava e lhe dava golpes que a mantivessem a minha distância.
O desgaste tomou conta de nós dois e aos poucos fomos nos apartando, e ficando mais próximos, até que nossos corpos se entrelaçaram em nosso grande romance e amor, existente entre nós dois, como se fosse um grande pecado, um grande desafio. Até que nos fundimos em nosso enlace, como sempre nós fizemos. Como os antigos Andrógenos, nos encontramos em um amor verdadeiro, duas almas, um só corpo, almas gêmeas.
Amamo-nos como nunca tivéssemos nos amado, como uma orquídea e um salgueiro, um completando o outro. Como dois guerreiros. Eu, Herofonte e ela, Crinéa. Um Centauro e uma Amazona. Inimigos na etnia, unidos pelo amor.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A música é: Longe do meu lado

                Há alguns dias, eu ouvi que na vida de um casal (independente da intensidade da relação), sempre haverá músicas que marcam o início e o fim de uma relação. Na verdade não é bem assim, eu entendo que apenas nestas fases dos relacionamentos é que de fato prestamos atenção nas letras das músicas.

               Eu particularmente sou ULTRA FÃ do saudoso Renato Russo. Não só por suas belíssimas e eternas músicas, bem como por tudo que li até hoje, a respeito da vida dele, e agora, vou postar aqui uma de suas músicas que nunca entendi muito bem, isso porque não havia sentido ela de verdade. Hoje ela simplesmente me descreve.



Longe do Meu Lado
Composição: Renato Russo


Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado

A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado
E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado
Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vir a Ser

Eu procuro por mim.
Eu procuro por tudo o que é meu
e que em mim se esconde.
Eu procuro por um saber
que ainda não sei, mas que de alguma forma já sabe em mim.
Eu sou assim... processo constante de vir a ser.



O que sou e ainda serei
são verbos que se conjugam
sob áurea de um mistério fascinante.
Eu me recebo de Deus e a Ele me devolvo.
Movimento que não termina
porque terminar é o mesmo que deixar de ser.
Eu sou o que sou na medida em que
me permito ser.
E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.

(Trecho do livro - Quem me Roubou de Mim - Padre Fábio de Melo)